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Festival Surdolímpico promove inclusão com vivências esportivas para surdos em Dourados – FUNDESPORTE

Com o objetivo de divulgar e valorizar as modalidades surdolímpicas, a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) promoveu, no dia 17 de maio, a 3ª edição do Festival Surdolímpico, realizada desta vez no município de Dourados. O evento foi gratuito, aberto ao público e ocorreu no Ceper do Primeiro Plano.

Pioneiro no Brasil, o Festival Surdolímpico tem como propósito proporcionar uma tarde de vivências esportivas acessíveis e inclusivas, voltadas especialmente às pessoas surdas, seus familiares, amigos e a todos os interessados em conhecer mais sobre o esporte surdolímpico. Pela primeira vez realizado fora da capital, o Festival buscou ampliar o alcance do esporte entre a comunidade surda e contou com a participação de representantes dos municípios de Campo Grande, Laguna Carapã, Rio Brilhante, Ponta Porã e Naviraí, reunindo ao todo 80 pessoas surdas.

Nesta edição, os participantes vivenciaram oficinas de futsal e vôlei de praia, conduzidas por profissionais surdos e ouvintes bilíngues, fluentes em Língua Brasileira de Sinais (Libras). As atividades foram realizadas em sistema de rodízio, permitindo que todos experimentassem ambas as modalidades. As práticas de crossfit, jiu-jítsu e boliche também foram apresentadas, com o intuito de ampliar o acesso e promover a divulgação dessas modalidades entre os atletas surdos.

Além das atividades esportivas, o evento contou com um espaço dedicado à avaliação e orientação nutricional em Libras, promovido por acadêmicos de nutrição da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

As oficinas foram ministradas pelo professor Maurisclei Nascimento Moreira, na modalidade futsal, e pela professora Franceline Bruschi Leal, na modalidade vôlei de praia. Após as oficinas, houve um momento de integração com jogos recreativos entre os participantes, permitindo a aplicação dos conhecimentos adquiridos de forma lúdica e colaborativa.

A idealizadora do festival, professora de Educação Física Clélia Souza, destaca a importância do evento como um espaço de valorização dos surdos:

“O diferencial do Festival Surdolímpico é que tudo é feito em Libras, para valorizar a identidade da comunidade surda, sua língua, sua cultura. O evento é voltado para os surdos, respeitando suas particularidades”, afirma.

Maurisclei Nascimento Moreira, professor de Educação Física e treinador de futsal, de 45 anos, atua no desenvolvimento esportivo com foco tanto na formação técnica quanto na inclusão social por meio do esporte.
“Fui convidado para ministrar uma oficina de futsal para pessoas surdas durante o Festival Surdolímpico, um evento que valoriza a acessibilidade, a inclusão e o protagonismo da comunidade surda no esporte. A oficina foi voltada exclusivamente para crianças, adolescentes e adultos surdos interessados em aprender ou aperfeiçoar suas habilidades no futsal. Ela foi conduzida com total respeito à Língua de Sinais, reconhecendo sua importância como língua oficial de comunicação da comunidade surda. As atividades foram adaptadas para garantir uma experiência acessível e significativa, utilizando recursos visuais, sinalização adequada e estratégias inclusivas”, destacou o professor.

Franceline Bruschi, formada em Educação Física e pós-graduada em Libras, ressaltou o conteúdo abordado em sua oficina: “No nosso curso de vôlei de praia, trabalhamos fundamentos e algumas regras que compartilhei com os atletas e futuros atletas.”

Atletas

O surdo-atleta Igor Miguel, de Ponta Porã, compartilhou um pouco de sua trajetória no atletismo:
“Na escola mesmo, eu comecei a fazer atletismo, e o professor viu que eu era bom, que eu corria muito bem. Depois, comecei a fazer futsal, mas não gostei. Me chamaram para outras modalidades, mas eu me sinto bem no atletismo. Já tenho um esporte preferido. O que eu quero mesmo é correr. Hoje, eu treino todo dia, tenho saúde, disposição e sou muito grato por tudo que o esporte me proporcionou. Eu sou surdo e gostaria que todos os surdos participassem do esporte também, porque o esporte é muito bom. É muito importante para mim; a gente sai de casa e conhece muitas pessoas”, destacou Igor.

Cleiton Gilvan, surdo-atleta da etnia Guarani e praticante de crossfit, também falou sobre sua experiência:
“É a primeira vez que participo do Festival Surdolímpico. Estou achando tudo muito bom, muito legal esse festival, com vários esportes, inclusive alguns que eu ainda não conhecia. É emocionante, só gratidão. Pratico crossfit há mais ou menos três anos, ali na academia. Para mim, é um prazer estar com a intérprete de de Libras Juliana Maria da Silva Lima, que nos orienta e ensina em Libras. Para nós, surdos, isso é muito importante. Todas as terças-feiras estamos lá praticando”, frisou o atleta.

O Festival Surdolímpico integra o calendário esportivo da Fundesporte, vinculada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura). Em Dourados, o evento foi realizado em parceria com a Prefeitura Municipal, a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e o Programa Paradesporto Brasil em Rede (Núcleo UFGD).

Bel Manvailer, Comunicação Setesc
Fotos: arquivo/ Fundesporte 

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