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Internacional

Corrida pelo ouro atrai grupos criminosos e ameaça a Amazônia, diz relatório

A crescente demanda por minerais está ampliando os riscos de crime, corrupção e instabilidade, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.

A agência divulgou um estudo que expõe como a mineração ilegal do ouro afeta o meio ambiente, inclusive por meio do uso de produtos químicos proibidos ou perigosos como mercúrio, desmatamento e despejo ilegal de resíduos sólidos.

Grupos criminosos atraídos pela lucratividade do ouro

Essas práticas, que contornam as regulamentações ambientais, degradam os ecossistemas e aceleram a perda de biodiversidade, além de causarem riscos para a saúde pública.

O levantamento aponta que grupos do crime organizado têm se infiltrado, cada vez mais, nas cadeias de fornecimento de ouro, atraídos pelo aumento do valor do metal e pela alta lucratividade do setor.

Na América Latina, facções que comandam o tráfico de drogas se lançaram na mineração ilegal de ouro, aproveitando as rotas e a infraestrutura estabelecidas para o contrabando de entorpecentes.

Um incêndio na floresta amazônica no Brasil

17ª Brigada de Infantaria de Selva

Um incêndio na floresta amazônica no Brasil

Na Bacia do Rio Tapajós, dois terços da produção são ilegais

Na última década, houve um aumento de 625% nas áreas de mineração ilegal em terras indígenas em toda a região amazônica, incluindo Brasil, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.

Uma série de estudos do Unodc examinou as atividades de mineração de ouro em pequena escala na Bacia do Rio Tapajós, no estado do Pará, na Amazônia brasileira, e constatou que dois terços da produção na região são ilegais.

De acordo com a agência, essa atividade ilícita é facilitada por mecanismos complexos de lavagem de dinheiro. Na Amazônia, a polícia Federal do Brasil investiga casos em que o ouro é usado para lavar o dinheiro do tráfico de drogas.

Na região amazônica, os povos indígenas também são afetados pela poluição causada pela fumaça proveniente de incêndios florestais em suas terras, o que pode estar parcialmente ligado à mineração ilegal.

Tráfico humano para trabalho forçado nos garimpos

Com base em mais de 800 entrevistas com garimpeiros no início de 2023, o Unodc constatou que 40% deles são potenciais vítimas de tráfico humano para trabalho forçado.

Entre os trabalhadores, 44% relataram recrutamento fraudulento e más condições laborais, com média de 12,5 horas por dia e 6,5 dias por semana.

Problemas de saúde são generalizados, com 71% sofrendo de condições como ansiedade e depressão, e 44% tendo sofrido acidentes graves.

Nas áreas de garimpo, existe tráfico significativo de mulheres e meninas para exploração sexual, juntamente com relatos de violência de gênero. Nesses locais também houve aumento nas mortes violentas registradas.

A chefe de Pesquisa e Análise do Unodc, Angela Me, defendeu melhores dados e mais harmonização global de legislações para responder rapidamente à exploração criminosa do setor de mineração. 

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