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Corte Internacional debate restrições de Israel à atuação da ONU em Gaza

A Corte Internacional de Justiça, CIJ, iniciou audiências nesta segunda-feira sobre as restrições impostas por Israel ao trabalho da ONU e de outras organizações internacionais em Gaza e demais Territórios Palestinos Ocupados.

O Tribunal, sediado em Haia, na Holanda, deve ouvir 40 Estados e quatro organizações internacionais em um processo que durará a semana toda.

Obrigação de facilitar ajuda

A conselheira jurídica da ONU, Elinor Hammarskjöld, participou da audiência em nome do secretário-geral, António Guterres. Ela reiterou os inúmeros apelos por um cessar-fogo, para que a ajuda humanitária chegue a todos os necessitados, e pela libertação de todos os reféns capturados pelo Hamas.

A especialista destacou que 13 entidades da ONU estão presentes em Gaza, acrescentando que 295 funcionários da organização foram mortos no local desde o conflito iniciado após os ataques do Hamas ao sul de Israel, em outubro de 2023.

A consultora jurídica enfatizou as proteções e imunidades especiais que as agências e o pessoal da ONU detém para realizar suas atividades em todo o mundo, inclusive nos Territórios Palestinos Ocupados.

Ela adicionou que essas proteções também se aplicam durante conflitos armados e que a obrigação principal de Israel como potência ocupante é “gerir o território em benefício da população local”, bem como “acordar e facilitar planos de ajuda”.

A representante da ONU disse que no contexto específico da situação atual nos Territórios Palestinos Ocupados, essas obrigações implicam “permitir e facilitar que todas as entidades relevantes da ONU realizem essas atividades em benefício da população local”.

Pessoas clamam por comida em Gaza

Pessoas clamam por comida em Gaza

Objetivo das audiências

O objetivo das audiências desta semana na CIJ é estabelecer uma “opinião consultiva” sobre as obrigações de Israel como potência ocupante em Gaza e nos Territórios Palestinos Ocupados, tendo como referência a Carta das Nações Unidas.

Em dezembro de 2024, a Assembleia Geral da ONU, realizou uma votação na qual 137 dos Estados-membros votaram para solicitar a opinião dos 15 juízes da Corte. Na mesma votação, 12 países se manifestaram de forma contraria.

Embora a opinião consultiva dos juízes não seja vinculante, diferentemente do que ocorre nos casos contenciosos entre Estados levadas ao tribunal, ela fornece clareza sobre questões jurídicas.

Depois que a CIJ emitir sua decisão, a Assembleia Geral poderá revisitar o assunto e decidir sobre novas medidas.

Isolamento da Unrwa

O comissário-geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, Philippe Lazzarini, saudou as audiências e insistiu que as agências de ajuda estão trabalhando “para atender enormes necessidades”.

Ele explicou que a política de “nenhum contato” das autoridades de Israel com a Unrwa, conforme decisão do parlamento israelense, tem dificultado o fornecimento de serviços essenciais de socorro e ajuda.

A medida é especialmente significativa porque a Unrwa é a maior agência de ajuda humanitária em Gaza, onde fornece assistência médica, educação e outros serviços públicos vitais há décadas.

Mas desde que essas restrições entraram em vigor no final de janeiro, a equipe internacional da agência não recebeu vistos para entrar em Israel, disse Lazzarini.

Enquanto isso, dentro de Gaza, cidadãos comuns continuam enfrentando uma escassez desesperadora de alimentos devido à decisão de Israel, em 2 de março, de fechar as fronteiras.

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