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Internacional

ONU insiste na abertura de todas as travessias para ajuda humanitária em Gaza

As Nações Unidas reforçaram o apelo às autoridades israelenses por um aumento imediato na quantidade de ajuda distribuída em Gaza.

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, disse que o volume de suprimentos autorizados a entrar, após três meses de bloqueio total, é “altamente insuficiente”.

Itens de ajuda não devem ser “selecionados a dedo”

Jens Laerke, comentou o plano israelense para distribuição de ajuda, iniciado nesta terça-feira.

Para o representante do Ocha, a iniciativa é “uma distração do que é realmente necessário: a reabertura de todas as travessias para Gaza”.

Ele também defendeu um ambiente seguro dentro do local e mais agilidade nas permissões e aprovações finais de todos os suprimentos de emergência que ainda permanecem do lado de fora da fronteira.

Laerke explicou que nem sempre as equipes humanitárias conseguem recolher os itens que atravessam a fronteira “por causa das rotas inseguras atribuídas pelas autoridades israelenses”.

Ele ressaltou que todos os tipos de ajuda devem ser permitidos e não “selecionados a dedo”.

Uma jovem em Gaza tentando recolher os restos de comida da panela

Uma jovem em Gaza tentando recolher os restos de comida da panela

Alimentos e medicamentos prestes a perder a validade

Já a diretora de Comunicação da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, explicou que nenhum suprimento preparado pela entidade chegou à Gaza desde o início do cerco israelense em 2 de março.

Juliette Touma explicou que a agência tem mais de 3 mil caminhões posicionados na Jordânia e no Egito, com alimentos e medicamentos que podem perder a validade em breve.

O Comissário-Geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, enviou uma carta ao Ministro das Relações Exteriores de Israel sobre as alegações feitas pelo país contra a agência ao longo dos últimos 20 meses sobre envolvimento nos ataques terroristas liderados pelo Hamas contra Israel, em outubro de 2023.

Segundo Lazzarini, as acusações são “infundadas” e estão colocando em risco as equipes da Unrwa e a reputação da entidade. Apesar de diversos pedidos, Israel não forneceu informações credíveis sobre as alegações.

Entrada de ajuda alimentar é “lenta demais”

O Programa Mundial de Alimentos, WFP na sigla em inglês, ONU informou que, até segunda-feira, 294 caminhões chegaram a passagem Kerem Shalom, vindos do Porto de Ashdod.

Segundo agências de notícias, na terça-feira manifestantes tentaram bloquear a saída de caminhões carregados com ajuda humanitária do porto israelense.

O WFP considera que o ritmo da chegada de ajuda alimentar “é lento demais” num momento em que as famílias palestinas estão chegando a um “ponto crítico”, em meio à intensificação dos combates, ordens de evacuação e deslocamento.

A escassez de ajuda agrava o risco de fome, um quadro que se torna ainda mais grave devido à inviabilização da agricultura, que antes da guerra representava 10% da economia de Gaza.

Mais de 95% das áreas agrícolas foram destruídas ou estão inacessíveis

Menos de 5% da área de cultivo permanece disponível, de acordo com a última avaliação geoespacial realizada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, e pelo Centro de Satélites das Nações Unidas, Unosat.

Em abril, mais de 80% da área total das terras agrícolas de Gaza estava danificada e 77,8% não é acessível aos agricultores, deixando apenas 688 hectares disponíveis para plantar. A situação é particularmente crítica em Rafah e nas províncias do norte, onde quase todas as terras agrícolas não são acessíveis.

​​De acordo com a Organização Mundial para Migrações, OIM, a atual ofensiva militar israelense deslocou à força quase 180 mil pessoas entre 15 e 25 de maio.

A última onda de deslocamento resulta em parte de ataques diretos mais frequentes contra locais de abrigo. Alguns episódios recentes incluem bombardeios aéreos a tendas na área de al-Mawasi e contra uma escola transformada em refúgio na cidade de Gaza.

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